domingo, 17 de maio de 2009

Respeito pela Justiça e operadores

Vivem-se hoje momentos conturbados na Justiça portuguesa.
Prometem-se acções musculadas contra a delinquência. Erguem-se vozes contra os autênticos «campos de batalha» vividos nos chamados "bairros problemáticos" e grita-se que num Estado de Direito tal não será permitido.
Pura demagogia política...
As "acções musculadas" são momentâneas e repressivas, ao invés de serem sistemáticas e preventivas... Segurança... já não se sente!
Bairros problemáticos, não existem. Existem sim situações sociais, raciais, familiares e económicas que, só por si, alimentam acções delinquentes e as quais o Estado decidiu juntar numa amálgama espacial comum, conferindo-lhes força, ao invés de a tentar fraccionar, amputando-lhes o poder! Existem situações problemáticas, não bairros!
E se num Estado de Direito não se permitem escaramuças entre elementos policiais e delinquentes, então... face à frequência com que tal vem sucedendo, dever-se-á colocar a questão se Portugal é, actualmente e de facto, um verdadeiro Estado de Direito!
Hoje li aqui que o "Governo quer premiar os actos de coragem excepcional dos agentes da PSP com 15 dias de férias suplementares por ano". Mais uma decisão puramente populista!
Ninguém verdadeiramente quer que a polícia tenha mais dias de férias... A população anseia por mais polícias... com mais meios... com mais capacidade para combater a insegurança que se vive!
Os corpos policiais, esses, anseiam por melhores condições de trabalho, com mais meios materiais e humanos, capazes de combater o crime. Anseiam pelo atempado pagamento das compensações pelo trabalho extraordinário efectuado e que lhes são devidas; anseiam por mais garantias à família, inerentes aos riscos que correm. (Cfr. Notícia #1, Notícia #2, Notícia #3, Notícia #4, etc). Mais dias de férias não lhes assegurarão o alimento os filhos e não apaziguarão as dificuldades económicas que vivem alguns agentes policiais e que, desesperadamente, levam mesmo alguns deles ao cometimento de suícidio.
A polícia não quer mais férias... Quer mais respeito pelo seu trabalho, por parte dos dirigentes políticos!
E não serão os únicos... Todos os agentes da Justiça decerto o desejarão! Todos - polícias, magistrados, advogados - desejam que a Justiça volte a ter melhores dias e que lhe seja prestado o merecido e devido respeito!
Mas atentas as inúmeras, populistas e descabidas decisões políticas e legislativas, com que temos vindo a ser confrontados, não se afiguram dourados os próximos tempos a viver pelos agentes da Justiça portuguesa e pelo comum do cidadão.